sexta-feira, 10 de abril de 2020

COMO ESTÁ SENDO MINHA QUARENTENA

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Neste tempo de quarentena venho escrevendo um pouco de minha história, que decidi dividir com meu público. Nunca contei para ninguém esses acontecimentos. Mas a hora chegou. 

1ª história real

“NÃO BUSCO SER COMPREENDIDO, MUITO MENOS RECONHECIMENTO, SÓ QUER SER O QUE SEI QUE SOU. ISSO ME BASTA”

Foi criado em Santa Cruz do Capibaribe a Academia de Letras que deveria contemplar os escritores locais e os intelectuais. O meu nome e de Júlio de Beringué entrou para avaliação, sendo aprovados em reunião. Éramos os únicos com pouco estudo.

Sobre "Seu Júlio" alegaram ser alto-didata, quanto a minha aprovação nunca soube a justificativa. Fiquei feliz em saber que seria uma imortal, uma honra para quem nasceu na cidade e é testemunha ocular de tantos acontecimentos e um historiador sem formação acadêmica.

Pois bem, lá vou eu propagar aos “Amigos” que havia tido meu nome aprovado para a Academia. Depois participei de uma reunião com os outros “Imortais”, onde decidiram o número da cadeira e o nome do patrono de cada um. Minha cadeira ficou sendo a número 5 e escolhi o nome a homenagear.

Minha patrona ficou sendo Avani Lopes Feitosa, a grande Dama do Teatro santa-cruzense. Ela um espelho e referência para mim, minha amiga pessoal e uma das mulheres mais brilhantes que conheci e tive o prazer de conviver. Uma professora que cheguei a tê-la como aluna em uma oficina de teatro, mas que me deu uma aula de como ser professor de teatro. Inesquecível Avani Lopes.

Muita badalação na mídia local e na cidade, e a população opinando nas esquinas. Obviamente meu nome foi contestado por muitos. Afirmavam que eu não tinha diploma universitário e formação acadêmica, que eu não passava de um cara criativo. Fui obrigado a ouvir pessoalmente alguns destes “Amigos”. Calei-me e deixei o silêncio como resposta. Mas no pensamento mandei todos “À merda e ir às putas que os pariu”. Dei tempo ao tempo.

E eis que chega o dia da posse dos imortais. Recebi dias antes um recado que teria que entrar com uma cota financeira para a festa e para a roupa de gala. Que frustração! Eu não dispunha de dinheiro naquele momento. Abatido e triste me recolhi e passei a noite numa melancolia da gota. Soube que na hora da posse chamaram meu nome e vi a fotos do evento sem mim. Aguardei uma ligação perguntando por que não fui? o que aconteceu comigo? E nenhuma palavra sobre o assunto. Arrependo-me até hoje de não ter ido e entrado com minhas roupas do dia-dia e tênis velho.

Depois dessa posse, a Academia nunca mais teve vida prática, nunca fez uma aparição em nada, muito menos uma ação de destaque.


Fui um imortal sem nunca ter sido e aprendi uma grande lição com este episódio: Não busco ser compreendido, muito menos reconhecimento, só quero ser o que sei que sou. Isso me basta.

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