“NÃO
BUSCO SER COMPREENDIDO, MUITO MENOS RECONHECIMENTO, SÓ QUERO SER O QUE SEI QUE
SOU. ISSO ME BASTA”
Aprendi uma grande lição
com o lançamento do meu livro sobre a história do Ypiranga. Foi o seguinte: Criaram em Santa Cruz do Capibaribe
a Academia Santacruzense de Letras, que deveria contemplar os escritores locais e
os intelectuais. O meu nome e de Júlio de Beringué entrou para avaliação, sendo
aprovados em reunião.
Sobre "Seu Júlio" alegaram ser auto ditada, quanto a minha aprovação nunca soube a justificativa. Fiquei feliz em saber que seria um imortal, uma honra para quem nasceu na cidade e é testemunha ocular de tantos acontecimentos e um historiador sem formação acadêmica.
Pois bem, lá vou eu
propagar aos “Amigos” que havia tido meu nome aprovado para a Academia. Depois
participei de uma reunião com os outros “Imortais”, onde decidiram o número da
cadeira e o nome do patrono de cada um. Minha cadeira ficou sendo a número 5 e
escolhi o nome a homenagear.
Minha patrona ficou sendo
Avani Lopes Feitosa, a grande Dama do teatro santa-cruzense. Ela um espelho e
referência para mim, minha amiga pessoal e uma das mulheres mais brilhantes que
conheci e tive o prazer de conviver. Uma professora que cheguei a tê-la como
aluna em uma oficina de teatro, mas que me deu uma aula de como ser professor
de teatro. Inesquecível Avani Lopes.
Muita badalação na mídia
local e na cidade, e a população opinando nas esquinas e bares. Obviamente meu nome foi
contestado por muitos. Afirmavam que eu não tinha diploma universitário e
formação acadêmica, que eu não passava de um cara criativo. Fui obrigado a
ouvir pessoalmente alguns destes “Amigos”. Calei-me e deixei o silêncio como
resposta. Mas no pensamento mandei todos “À merda e ir às putas que os pariu”.
Dei tempo ao tempo.
E eis que chega o dia da
posse dos imortais. Recebi dias antes um recado que teria que entrar com uma
cota financeira para a festa e para a roupa de gala. Que frustação! Eu não
dispunha de dinheiro naquele momento. Abatido e triste me recolhi e passei a
noite numa melancolia da gota. Soube que na hora da posse chamaram meu nome e
vi a fotos do evento sem mim. Aguardei uma ligação perguntando por que não fui. O que aconteceu comigo. E nenhuma palavra sobre o assunto. Arrependo-me até
hoje de não ter ido e entrado com minhas roupas do dia-dia e tênis velho.
Depois dessa posse, a
Academia nunca mais teve vida prática, nunca fez uma aparição em nada, muito
menos uma ação de destaque.
Fui um imortal, sem nunca ter sido e aprendi uma grande lição com este episódio: Não busco ser compreendido, muito menos reconhecimento, só quero ser o que sei que sou. Isso me basta.
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