MORRE
NO RECIFE ANA BARROS, QUE BRILHO NO ESPETÁCULO “BRINCAR DE VIVER”
O domingo 19 amanheceu
triste para o mundo do teatro de Santa Cruz do Capibaribe. Ana Barros partiu
sem avisar nesta madrugada depois de lutar contra um sério problema pulmonar,
silenciando a plateia e apagando as luzes do palco.
Na coxia, ouvem-se os murmúrios
e a o barulho das lágrimas caindo ao chão. Os deuses do teatro fecharam os
olhos diante da tragédia, em seguida abrindo os braços para receber a luz de
Ana.
Agora, ela levará sua luz
para outras dimensões, deixando um monte de gente chorando e lamentando sua
partida, mas outros palcos celebram sua chegada.
Ana Barros, 51 anos,
esposa do ex-goleiro do Náutico Washington, mãe, irmã, amiga e amante do
teatro e das artes, vai embora. Que seu novo caminho seja de muita luz e paz!
Marcondes
Moreno
A
TRAPEZISTA DO CIRCO
"Era uma vez, mas eu
me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o
trapézio, me atirar lá do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos,
não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase,
cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que
chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre.
Era outra vez, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou a cidade era
uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas, eles se preparavam nos
bastidores para começar o espetáculo, e eu entrei no meio deles e falei que eu
queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora,
era uma moça bonita, forte, era uma moçona mesmo. Ela me olhou, riu um pouco,
disse que era muito difícil, mas que nada era impossível. Depois veio o palhaço
Poli, veio o Topz, veio o Diverlangue que parecia um príncipe, o dono do circo,
as crianças, o público. De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo
ficou olhando. A lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva
no céu aberto. Quando eu cansei de ficar olhando para o alto e fui olhar para
as pessoas, só aí, eu vi que eu estava sozinha".
Antônio
Bivar
*Texto
interpretado por Ana Barros no espetáculo Brincar de Viver.
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