terça-feira, 6 de novembro de 2018

COLUNA IN TOCA- Por Paulinho Coelho

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A NEGAÇÃO DA POLÍTICA

A política tem muitas definições possíveis. Enquanto ciência, enquanto ação humana, forma de organização. Mas quero abordar aqui a política como algo prático: a melhor e talvez a única maneira de melhorar de verdade a vida das pessoas. É para isso, sobretudo, que serve a política.

Por vezes, porém, dependendo dos interesses envolvidos, a política pode ser negada. A política é negada quando não se quer ou não se pode debatê-la, mudá-la, por incapacidade ou dissimulação.

Vivemos hoje um período de grave negação da política. As consequências disso podem ser desastrosas. Fui duramente criticado por apoiadores de Bolsonaro ao atribuir a ele a negação da política nas eleições de 2018. Mas sustento, ele foi eleito justamente por fomentar a negação da política.

Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, não apontou soluções para os problemas do país - leia-se desemprego, crise econômica e política, violência generalizada, desigualdades sociais e regionais, manutenção do SUS -, ele apenas apontou inimigos e supostos culpados.

A imprensa, os movimentos sociais, o PT, kit gay e gayzistas, a esquerda, os comunistas, os vermelhos em geral, as "relações internacionais de viés ideológico", o desarmamento, a "doutrinação". Ele conquistou eleitores em todas as classes sociais, mesmo com propostas extremamente impopulares, como a Reforma da Previdência de Paulo Guedes, que é a mesma de Michel Temer, que, segundo pesquisa encomendada pelo Palácio do Planalto e divulgada em 31 de janeiro de 2018, só tinha a aprovação de 14% dos brasileiros.

Os problemas mais graves e urgentes do país, ficaram fora do debate presidencial, deram lugar a questões que não cabem, ou não deveriam caber, ao presidente da república. Agora, sem ter proposto nada consistente para nossos problemas, tampouco ter debatido com os concorrentes sobre o assunto, o presidente eleito com mais de 57 milhões de votos, tem um Congresso quase todo a seu favor para combater os inimigos que elegeu em sua jornada, além de não ter nenhuma responsabilidade de resolver os problemas, pois já tem em quem botar a culpa.

Sabe quem fez isso com muito êxito? Adolf Hitler. Torçamos para que não tenhamos o mesmo desfecho.

Paulinho Coelho, tem 32 anos, é professor da rede pública e estudante de jornalismo. Defende a Liberdade de expressão, de imprensa, livre manifestação e os Direitos Humanos.

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