"Ai que saudades que tenho/ das noites de São João/ das
noites tão brasileiras/ na fogueira/ sob o luar do sertão."
É assim, que começa a canção mais emblemática e a que mais retrata
com absoluta fidelidade, a maior e mais contagiante festa do Nordeste
brasileiro.
Zé Dantas, apesar de ter criado outras imortais e verdadeiras
obras primas, da música popular brasileira e quase todas, gravadas pelo eterno
Rei do Baião, Luiz Gonzaga, como: Acauã; Riacho do Navio; Forró do Mané Vito;
Sabiá e Vozes da Seca, dentre outras, não poderia ter sido mais feliz, ao
compor "Noites Brasileiras", bem como, não poderia imaginar que essa comovente
melodia, mais de meio século depois, seria icônica, quando o Brasil enfrentaria
uma pandemia sem precedentes na sua história. Pandemia essa, que mudaria por
completo o modo de viver do povo brasileiro.
Quem brincou o São João e/ou o São Pedro, aqui ou em outras
localidades do interior, atirando de "roqueira"; soltando mosquito;
"espirro-de-bode e peido-de-véia;" quem brincou o São João/São Pedro,
acompanhando os adultos, ao redor das imensas fogueiras, contando histórias que
sempre falavam de invernadas, comendo milho assado, pamonha e canjica; soltando
balões coloridos que entre foguetões e "vira-serra," enfeitavam as
frias noites juninas, jamais poderia supor que um invisível agente infeccioso,
que a ciência chama de "vírus," pudesse ofuscar o brilho, outrora
incandescente, das nossas noites tão brasileiras.
Quem brincou o São João/São Pedro, dançando ou brechando as
quadrilhas "chamadas, por Seu Joca, ou pelo meu tio, Miguel do Motor, onde
os pares improvisados ou não, numa coreografia e numa sintonia perfeita, se
tocavam, respeitosamente, incontáveis vezes, com certeza com uma enorme dor no
peito, haverá de ter dito o que eu disse: "Ai que saudades que eu
tenho..."
Por: Zé Minhoca
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