Santa Cruz do Capibaribe
se prepara para um ano eleitoral recheado de fatores inéditos. Grupos
fragmentados, desgastados e uma população inflamada pelo sentimento de negação
da política, que fez da cidade a única no estado a preferir Bolsonaro a Haddad.
Embora seja extremamente
importante para qualquer análise, os números da eleição de 2018 ainda não
mostram influência real na eleição de 2020. Não houve a consolidação de um
grupo pró Bolsonaro, a terceira via não se decidiu se quer ou não associar sua
imagem à do capitão e o novo partido criado por Bolsonaristas, a Aliança, que
na cidade se resume a meia dúzia de senhores de classe média, parece não ter
viabilidade já para o pleito do ano que vem.
A terceira via, aliás,
encabeçada por Allan e Capilé, mostra certa dificuldade em se decidir sobre
temas espinhosos. Tem se debruçado sobre assuntos que já tem consenso, como a
questão da água, que sabidamente foge à competência do prefeito. Parece firmar
pé no sentimento de anti política, mas vai ter que sobreviver às contradições
que vem junto a esse discurso. O vereador Capilé colhe os louros de ter votado
contra o aumento de salário dos vereadores, depois de ter chamado o salário
atual de pífio. Porém, as pessoas esqueceram a declaração anterior, terão tempo
de esquecer o gesto atual.
O governo tinha o
Secretário Joselito como favorito e preferido do prefeito Edson, bem quisto no
grupo e aparecendo bem em pesquisas internas. Por razões que a própria razão
desconhece, Joselito simplesmente não quer mais ser candidato à sucessão de
Edson. Sobrou para Dida de Nan. Se bem que pelo histórico, não surpreenderia
surgir um nome de última hora.
O governo vai voar nas
asas do partido tucano, o PSDB. Sem saber, porém, que partido é esse
atualmente. Em Pernambuco, Alessandra dirige, mas não manda. Nacionalmente,
Dória manda, mas não dirige. O grosso das candidaturas a vereador pelo grupo de
situação será no PSDB. Se ganhar, ganha ganhando! Mas se perder, o PSDB pode
sofrer muito para se recuperar no estado como um todo.
A oposição
"vermelha" está fazendo o óbvio para o momento. Se concentrando nos
principais partidos de oposição a Bolsonaro, PT e PSB, e se aproximando de
forças do campo popular, como o PCdoB. Exceção a Fernando Aragão que optou pela
ousada tática de se filiar ao PP e associar sua imagem a de Eduardo Dafonte,
deputado federal com bom desempenho eleitoral no estado, mas um figurante no
Congresso Nacional. Fernando conta com um exército leal de seguidores dispostos
a comprar brigas que ele mesmo não compraria. O problema de Fernando hoje é a
viabilidade de seu projeto. O partido em si não é confiável, já mostrou ser
"só arranque" em eleições anteriores, além de ter uma relação muito
próxima e por vezes clientelista com o PSB. Justamente o partido do grande
concorrente de Fernando neste setor da oposição.
Diogo Moraes, em seu
terceiro mandato como deputado estadual, tem bom desempenho político e
eleitoral, uma gama de apoiadores de peso e o governo estadual como suporte.
Falta a Diogo deixar claro se está disposto a deixar a ALEPE, que ele parece
ter como habitat natural. O fiel da balança, José Augusto Maia, já pendeu para
o lado de Diogo. Zé não tem condições jurídicas hoje de ser candidato, mas com
o peso que tem, e os filhos, consegue influenciar qualquer decisão.
Informações dão conta de
que muita gente que ainda aparece em eventos e fotos com Fernando Aragão, já se
colocou à disposição de Diogo. Falta ao deputado se colocar e veremos o caminho
de Fernando Aragão.
Uma outra incógnita:
Afrânio Marques. Afrânio carrega um peso político e eleitoral importante, além
de um partido. Afrânio criou para si mesmo uma série de limitantes para apoiar
quem quer que seja. A preço de hoje, se fosse ser fiel a seu discurso, não
apoiaria ninguém. Mas por esse mesmo motivo, sem escolha, pode escolher
qualquer caminho que poderá justificar. Pra onde irá o companheiro?
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