quarta-feira, 31 de outubro de 2018

ARTIGO

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Esquerda Progressista e Direita Conservadora/Liberal: Nova Oposição e Nova Situação que se apresentam

As últimas eleições a nível nacional representaram uma verdadeira mudança de direção do nosso país, mais que isso, pretende-se uma renovação, uma mudança profunda a nível político-institucional. Surgiram uma nova situação e uma nova oposição em nosso cenário político.

A situação vem com um enorme respaldo popular o qual a legitimará para tomar medidas drásticas sobre a debatida redução do Estado, o combate efetivo sobre a corrupção, e uma busca pela efetividade da lei sobre a criminalidade. 

Houve, na verdade, uma afirmação de setores da sociedade que por tempos se mantiveram à margem da mobilização política, sobretudo em razão da esculhambação que essa sempre foi. As pessoas se mantiveram longe do debate político até sentirem na própria carne os efeitos da omissão. Surgiu a chamada ‘onda conservadora” assumidamente “de Direita”.

Por outro lado, a Esquerda histórica sobre a militância e ativismo políticos durante décadas fez avançar agendas progressistas muito à frente do que a sociedade, conservadora, queria, e mais que isso, pretendiam ir além como com a liberação e drogas ilícitas, descriminalização do aborto (em todas as situações) etc. Isso representou um forte fator sobre os eventos ocorridos.

A situação vem com uma pauta em parte muito polêmica sobre a revisão da relação do Estado (preponderantemente assistencialista) a um modelo mais gerencial (mínimo na intervenção) o que por vezes pode ser confundido com uma eventual redução de direitos sociais. Fez uma boa maioria no congresso, suficiente para a aprovação de Medidas Provisórias e Leis Ordinárias, contudo, precisará de um bom diálogo com o antigo centrão e com a Esquerda para aprovar Emendas Constitucionais e Leis Complementares, sobre as quais passam temas controversos como é o caso da Reforma da Previdência, Privatizações e Reforma Tributária.

A verdade é que conforme a globalização avança e conforme as necessidades se apresentem, inclusive em razão de anos de políticas econômicas e sociais ineficazes e por conta da vasta corrupção perpetrada pelo modelo PT de governar, há a necessidade de uma certa flexibilização sobre alguns direitos sociais e a diminuição da interferência do Estado sobre a economia e isso serão objetos de duros debates. O que não quer dizer que teremos um Estado totalmente ausente sobre as relações privadas e serão reduzidos drasticamente os direitos sociais. O que é bom deve e será mantido pelo tempo que a sociedade em geral necessitar, como é o caso do Bolsa Família. Isso tem que ser pontuado.

A oposição, por sua vez, terá muita responsabilidade em fiscalizar as contas do executivo e na luta pela manutenção sobre qualquer direito social que por ventura entenderem por estar ameaçado. Também devemos defender, como democratas, o direito da oposição, qual seja todo o setor da Esquerda, por defender as suas bandeiras e causas progressistas. É bem verdade que perderam muita força sobre o seu ativismo político, contudo, não devemos esquecer que a esquerda representa alguns setores da sociedade.


Contudo, a esquerda como um todo terá que fazer uma profunda e séria autocrítica no que tange principalmente sobre a sua passividade e omissão diante dos escândalos de corrupção, terá que se repaginar esquecendo o seu modo de fazer oposição clássico, qual seja: O ser contra tudo, a velha técnica do “nós contra eles” e a velha política do “quanto pior melhor” com vistas nas próximas eleições por um simples motivo: Hoje temos um amplo acesso às informações pelo qual estamos impondo uma reforma sobre o nosso sistema político, caso não só as esquerdas como um todo, assim como o próprio conhecido centrão, ouse praticar a antipolítica, qual seja a conhecida politicagem de sempre, será alvo constante da crítica por parte de todos os setores sérios da sociedade, sobretudo por parte dos eleitores conscientes que passaram a ditar as regras, ou seja, caso houverem políticos que não colaborem para com o nosso país, esses perderão cada vez mais a sua credibilidade e cada mais ficarão sem vez e voz.

O recado já foi dado em alto e bom som.

A política está se renovando, os incompetentes e os politiqueiros perderão cada vez mais espaço na mesma medida que se expuserem como adversários do país. 

Ciro Gomes como Liderança das Esquerdas

O Ciro Gomes virá como um líder das Esquerdas e foi muito assertivo em não declarar apoio ao Fernando Haddad.

Creio que o candidato derrotado, por conta de sua capacidade de articulação e de debate com outras ideologias, organizará as esquerdas em torno de si e assim será (serão) uma boa oposição ao governo Bolsonaro e às políticas com preponderância ao viés direitista (liberal e conservador) as quais serão implementadas em nosso país, implementadas em favor do nosso desenvolvimento, democracia e liberdade, destaque-se. Em linhas gerais, ao que indica, teremos por sua coordenação uma esquerda mais técnica e competente.

O que será muito bom, pois, é preciso um contrapeso para equilibrar a balança política e jogo democrático: como não houve democracia em nosso país, era uma verdadeira farsa a alternância entre PSDB e PT a qual consistiu em uma verdadeira hegemonia da esquerda. Nessa eleição as máscaras caíram e vimos que o PSDB em sua essência está bem mais à Esquerda que à Direita, e por isso mesmo as tais políticas progressistas andaram muito à frente da própria sociedade nos últimos tempos, em paralelo com a conhecida crise de representatividade. Com efeito, nos próximos anos teremos algo mais equilibrado, de fato democrático, e com uma melhor incidência da diversidade desde o plano da representatividade da sociedade sobre o poder político aos efeitos práticos sobre a mesma sociedade na forma de Leis, Direitos e Políticas Públicas.

E mais que isso, ao que indica teremos uma melhor segurança jurídica, melhor punição sobre esquemas de corrupção e uma melhor e maior participação da própria sociedade sobre o jogo político, inclusive no que diz respeito à fiscalização sobre o exercício do poder, não só por parte da oposição, mas inclusive por parte de toda a sociedade.

Disserto aqui acerca de "Direita" e "Esquerda' não partindo de minhas concepções pessoais, mas a partir de como as pessoas se identificam e/ou se afirmam ser. Se faz útil a apropriação dos termos.

Não gosto muito do termo "Direita/Esquerda"- isso tanto limita a análise e discussão como exclui (por opostos), nesse ponto sou de acordo com o Ludwig Von Mises, por entender que tais termos não fazem o menor sentido e mais que isso, por servirem para a confusão e bagunça sobre os mesmos termos e, não menos importante, por servirem como ferramenta à estratégia política pobre ao tipo "nós contra eles" pela qual se busca adesão das pessoas mediante uma eventual identificação de cunho ideológico mas por outro lado tanto divide as pessoas como acabam por prejudicar a própria política a ser exercida em favor do país e do bem comum.

Como concordo com o Eric Voegelin no que diz respeito ao perigo das ideologias, me sinto na obrigação de me opor às mesmas, sejam ideologias de Direita, sejam de Esquerda-- assim denominadas--, me permito fazer essas considerações e ir além: Não cabe essa dicotomia entre direita e esquerda no nosso século XXI, na verdade esse é o século da síntese de processos e de opostos, no caso, síntese sobre os postulados mais intervencionistas ao estado (social democratas/progressistas) com postulados liberais conservadores em favor da livre iniciativa, livre mercado e liberdades individuais.

Na verdade o que há são políticas públicas mais progressistas ou mais conservadoras, mais socialistas (estatizantes) e mais liberais, bem como um vasto prisma de cores entre esse vermelho e azul tudo o que deve variar de acordo com a necessidade do momento e os anseios da sociedade no mesmo momento.

Receio que por anos persistirá esse embate ideológico entre "Direita" e "Esquerda", no entanto, como deve ser, a razão e o consenso sempre residirão ao meio termo. E, assim, aos poucos, as ideologias, de Direita e de Esquerda, serão dissolvidas no próprio jogo democrático, mas por hora, em síntese, teremos uma Situação assumidamente de Direita Conservadora e Liberal e uma Esquerda notavelmente Progressista e Socialista (intervencionista).

Por fim, os extremos com o tempo perderão força na medida em que a política acontecerá na convergência ao meio termo, o que é próprio do consenso, da democracia e da governabilidade. A política está acontecendo por gigabits por segundo, não se adequar e se atualizar será o mesmo que ficar para trás.

Airon Barbosa de Figueiredo

Um comentário:

  1. Sem dúvidas a política brasileira caminha para um novo patamar, uma nova forma de fazer campanha com eleitores conscientes. Um novo cenário esta surgindo, sem dúvidas uma mudança boa, como diz Mises "A humanidade precisa, antes de tudo, se libertar da submissão a slogans absurdos e voltar a confiar na sensatez da razão".

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